ESG

Depois do clima, é a vez da natureza entrar nos balanços

Força tarefa cria padrão de reporte de riscos e oportunidades criados para os negócios por recursos hídricos, biodiversidade e outros 

Por Sérgio Teixeira Jr.

 

Por iniciativa voluntária ou obrigação regulatória, grandes empresas do mundo todo estão aprendendo a medir e divulgar como a mudança climática afeta seus negócios.

Anos de desenvolvimento culminaram no ISSB, um padrão de reportes  climáticos para o setor financeiro que a CVM, o xerife do mercado de capitais brasileiro, adotou de forma pioneira há dez dias.

Mas os efeitos dos gases de efeito estufa não são o único fator de risco para os negócios. Um novo padrão de reporte, lançado há um mês e meio, quer colocar a natureza e a biodiversidade nos balanços corporativos, assim como o que vem acontecendo com o clima.

O objetivo da Task force on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) é entender como os riscos e oportunidades relacionados à natureza podem afetar o negócio das empresas – e orientar as decisões dos investidores.

“A natureza já está nos avisando com muita urgência. Perda da biodiversidade, contaminações, espécies invasoras… Estamos ultrapassando os limites planetários”, diz ao Reset o colombiano Felipe Arango, que lidera os projetos-piloto da iniciativa.

No caso do clima, tudo pode ser reduzido ao denominador comum das toneladas de CO2 equivalente. Um dos desafios da natureza é a imensidão do universo a ser medido.

Arango diz que a força-tarefa identificou mais de 3 mil possíveis indicadores. No final, foram eleitas 14 métricas.

A parte difícil começa agora: convencer as companhias e reguladores a adotar as normas. Apesar da importância do tema – metade do PIB global depende de alguma forma de recursos naturais, segundo o Fórum Econômico Mundial –, o assunto é novo e se soma à já complexa tarefa de compreender como a mudança climática vai transformar os negócios.  

O órgão regulador – batizado de Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, ou SBCE – fica responsável por determinar os setores da economia sujeitos a tetos de emissões e por conceder (ou vender em leilões) permissões de emissão às empresas.

Arango afirma que é necessário “abraçar a complexidade”. “É do interesse do setor corporativo e do setor financeiro jogar luz sobre suas dependências da natureza para analisar o quanto antes que capacidades, que planos existem. Porque os riscos e as oportunidades estão aí.”

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Arango em uma recente passagem por São Paulo.

Qual é o objetivo do TNFD?

O propósito principal é o reconhecimento de que os fluxos financeiros podem gerar resultados positivos ou negativos para a natureza. E ela já está nos avisando com muita urgência. Perda da biodiversidade, contaminações, espécies invasoras… Estamos ultrapassando os limites planetários.

Os fluxos financeiros podem ser grande parte da solução ou acelerar o problema. A TNFD considerou que era necessário um marco global que permitisse dirigir [o capital] para afastá-lo dos resultados negativos e aproximá-lo dos positivos.

Para isso era necessário criar uma linguagem comum, uma série de definições, sobre o que é impacto na natureza, ou que é dependência, quais são os riscos ou as oportunidades associadas a ela e assim por diante.

Diria que no coração da TNFD estão as divulgações corporativas. Mas é um tipo diferente de divulgação, no sentido de que ela está focada nos supervisores financeiros, nos bancos centrais. Eles é que vão exigir do setor financeiro transparência sobre os riscos e as oportunidades relacionadas à natureza que ele financia.

É algo análogo à TCFD (Task force on Climate-related Disclosures), que fez o mesmo para o clima.

Sim, e aprendemos muito com eles, pois já existem legislações e regulamentações financeiras baseadas no trabalho da TCFD. Estamos conversando também com a IFRS e o ISSB, e eles já anunciaram publicamente que vão levar em conta o nosso trabalho.

Então, supervisores e os bancos centrais podem dar um passo além dos relatórios voluntários. Uma das coisas que me entusiasmam na TNFD é esse potencial de modificar a supervisão e modificar a contabilidade.

A TCFD já introduziu uma camada de complexidade de levantamento de informações que as empresas têm de divulgar. Agora vem algo potencialmente ainda mais complicado para as empresas. Isso não representa um risco para o sucesso do padrão?

Sempre acreditei que o exercício de relatar e o aprimoramento da gestão são duas faces da mesma moeda.

É do interesse do setor corporativo e do setor financeiro jogar luz sobre suas dependências da natureza, como uma lanterna, para analisar o quanto antes que capacidades, que planos existem. Porque os riscos e as oportunidades estão aí.

Tem os riscos físicos da natureza, que vão mudar as preferências dos consumidores para proteger a única casa que temos. E a legislação será cada vez mais exigente. Já estamos vendo isso na Europa.

O exercício de reportar deve ser visto com a lente de aprimorar a gestão, identificar brechas e desenvolver planos para avançar e proteger sua criação de valor.

E qual é a expectativa de que essas divulgações sobre impactos da natureza sobre os negócios também se tornem obrigatórias, como tem acontecido com os reportes climáticos?

Cada jurisdição, assim como no caso do TCFD, vai definir com seus processos políticos próprios. Desenvolvemos o padrão para que possa ser utilizado de maneira voluntária.

Temos visto o interesse de várias delas agora que começa a fase de adoção, aproveitando o ímpeto gerado pela COP15 [a COP da Biodiversidade] e pela Meta 15 do Marco Global de Biodiversidade.

[A Meta 15 do “Acordo de Paris para a Biodiversidade” prevê que os 196 países signatários do documento incentivem instituições financeiras e empresas, especialmente as de grande porte e multinacionais, a reportar seus riscos, dependências e impactos na biodiversidade.

Algumas jurisdições já manifestaram interesse em ser pioneiras, em estabelecer obrigatoriedade, e outras vão começar com reportes voluntários.

Não posso mencionar exatamente quais, porque estão em fase de pilotos, mas alguns bancos centrais já estão aplicando a TNFD para seus próprios investimentos. Então, acho que essa bola de neve vai começar.

No clima tudo é reduzido a uma única unidade, que são as toneladas de carbono equivalente. Quais são os indicadores para a natureza?

A natureza é complexa por definição. A interação entre os diferentes âmbitos da natureza é complexa. A atmosfera, os oceanos, o sol, o solo saudável, a água fresca, tudo está interagindo permanentemente em um sistema cheio de complexidades, cheio de interações, cheio de ciclos de retroalimentação.

Se a gente quer ter resultados positivos com a natureza, tem que abraçar essa complexidade. Ou seja, isso não pode ser um incentivo para a paralisia. Tentamos simplificar da melhor maneira possível, mas reconhecendo que a complexidade vai existir.

Identificamos mais de 3 mil métricas. Nas recomendações finais, chegamos a 14 métricas.

São métricas muito alinhadas aos motores das mudanças na natureza, como mudança do uso da terra [desmatamento para abrir novas áreas de plantação], extração de recursos naturais, contaminação etc. E também temos métricas relacionadas aos riscos e às oportunidades relacionadas com a natureza.

São indicadores core que se aplicam à maioria das empresas e que podem ser considerados pelo setor financeiro na hora de analisar as atividades que financia. São dados que podem ser relevantes para a história que os portfólios vão contar.

E como podemos compará-los, já que muitos deles estão associados a regiões específicas?

Sim. Uma tonelada de dióxido de carbono na Índia é igual a uma tonelada de dióxido de carbono na Colômbia. Elas vão para a mesma atmosfera.

Mas a extração de água de um reservatório em São Paulo é muito diferente da extração de água de um reservatório na Cidade do Cabo. Neste caso, você precisa levar em conta os diferentes níveis de estresse hídrico de cada região.

Não estamos procurando uma bala de prata. O importante é como as empresas contam a história em sua governança, em sua estratégia, em seus sistemas de gestão, em suas métricas e objetivos.

Para que seu negócio continue gerando valor para a sociedade, para os acionistas e para os stakeholders, você precisa entender essa complexidade, tem que administrá-la.

Mas com um indicador único do clima, a tonelada de carbono, o setor financeiro ainda faz pouco. É só olhar para o financiamento de combustíveis fósseis…

É um bom ponto. Mas a mudança depende de outras dinâmicas além do número de métricas e da complexidade.

Tem a aceleração de mudanças nas preferências dos consumidores, e não só nos produtos e serviços que eles consomem. Os fundos de pensão investem o dinheiro dessas pessoas.

Não acho que o setor financeiro não tenha avançado suficientemente rápido na transição energética pelo número de indicadores ou a complexidade. Temos subsídios governamentais também.

Tenho certeza de que, mesmo com a complexidade, podemos abordar água fresca, solo, oceano e atmosfera de uma forma integrada e para que cada empresa possa contar sua história e transformar seu modelo de negócio. E que a sociedade possa tomar melhores decisões de investimento e de consumo.

A TNFD fez alguns projetos-piloto. Você poderia dar um exemplo do que o padrão representa na prática?

Fizemos 250 pilotos em todas as geografias, incluindo empreendimentos indígenas no México. Vou falar de um exemplo do setor financeiro e outro de empresa.

Um piloto muito interessante foi num fundo de pensão público na Escandinávia, que começou a fazer o exercício para entender como eles estão gerenciando riscos e oportunidades relacionados à natureza.

Eles dividiram o portfólio por assuntos e o examinaram com uma lupa. Quais das empresas têm risco associado ao desmatamento? E de contaminação de plásticos?

A partir daí começaram a ter outro tipo de conversa com essas empresas.

No setor corporativo, uma grande farmacêutica fez todo o exercício de aplicação da nossa metodologia e vai passar a publicar de forma integrada seus relatórios TCFD [clima] e TNFD [natureza].

Eles descobriram que o risco de natureza era maior que o climático, por causa da ameaça de colapso de ecossistemas e da eventual perda de licença para operar em comunidades de cujos insumos a companhia depende.

Podemos enxergar no futuro um único padrão que inclua clima e natureza?

Sim. Não vamos chegar ao net zero sem soluções baseadas na natureza, sem acabar com o desmatamento. A máquina mais poderosa que temos de eliminação de gases de efeito estufa hoje é a natureza.

A Terra é um sistema único. E nas empresas a governança também será a mesma. Se você tiver um fornecedor de alimentos, não vai querer saber só que tipo de energia ele usa, mas se ele desmatou, que fertilizantes usa, como está a saúde do solo.

Ninguém desenvolve um novo produto para o clima e outro para a natureza. A integração é natural.

Como vou ganhar o mesmo dinheiro dependendo menos da natureza? Como faço com mais circularidade? Como substituo certos insumos? É um olhar muito mais holístico e muito mais profundo, que vai ao coração do modelo de negócio.

Por mais que seja tudo interdependente, a crise climática parece dominar todas as atenções. Isso é um motivo de preocupação?

Talvez por ser mais fácil medir o consumo de energia, gases de efeito estufa e métricas de equivalência de CO2, o clima foi o primeiro a se priorizar.

Mas isso é positivo, não uma preocupação. Estamos aproveitando o que já se construiu ao longo dos últimos anos. E a natureza está no centro das atenções, vimos isso na recente Semana do Clima, em Nova York (realizada em setembro).

O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e acesso a vastos recursos naturais. Os reportes de natureza parecem uma grande oportunidade para as empresas daqui, não?

Sem dúvida. Existe uma enorme oportunidade para países mega biodiversos como o Brasil ou a Colômbia. É o nosso principal ativo e onde temos um diferencial competitivo em comparação com o resto do mundo.

O capital natural é a oportunidade para que os modelos de negócio e o setor financeiro do Brasil estejam um passo à frente. Transparência e evolução na gestão vão proteger esse capital natural.

E você vai poder atrair o capital financeiro internacional. Eu poderia te mostrar todos os fundos de pensão, fundos soberanos, grandes investidores que se comprometeram a gerar resultados positivos para a natureza.

As empresas que podem mostrar esses resultados de conservação, de regeneração ou de modelos de negócio positivos para a natureza estão em nossos países.

Não se trata mais de fluxos financeiros interessados em mão-de-obra mais barata. Agora podemos competir cuidando do nosso principal ativo.

Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/regulacao/depois-do-clima-e-a-vez-da-natureza-entrar-nos-balancos/?utm_campaign=31102023_-_tnfd__engie_unipar&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Todos setores entram no mercado de carbono, diz secretária de Mudança do Clima

Segundo Ana Toni, a lógica da regulação de emissões será por volume de gases lançados na atmosfera; agro está contemplado

Por Vanessa Adachi

 

A maioria dos mercados regulados de carbono mundo afora opera com uma lógica setorial. Ou seja, os setores intensivos em carbono que precisam ter suas emissões limitadas fazem parte do mercado regulado. 

Segundo Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, no Brasil o princípio será outro. “A proposta de mercado regulado que está no Senado não tem um olhar setorial, mas sim em termos de limites de emissões”, disse ela ao Reset, por telefone, a partir de Nova York, onde integra a comitiva do governo brasileiro que participa da Semana do Clima. 

Ou seja, independentemente do setor de atividade, os maiores emissores terão um teto a respeitar. 

Segundo Toni, isso contempla inclusive a agropecuária, uma das grandes dúvidas que pairam hoje no mercado sobre o esquema de redução de emissões proposto.

Na avaliação do governo, que elaborou o substitutivo ao projeto de lei apresentado e relatado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), “não importa qual o setor de atividade, é melhor olhar para valores emitidos. Dentro de todos os setores há quem emite pouco e quem emite muito”.

O texto prevê que limites serão impostos a negócios que lancem mais de 25 mil toneladas de CO2 equivalente por ano.

O entendimento entre especialistas é que a definição dos setores integrantes do mercado brasileiro seria feita numa etapa posterior de regulamentação. A abordagem seria progressiva, começando pelos setores de maior intensidade de carbono e aqueles em que há mais ferramentas de medição e controle – indústrias pesadas, como siderurgia e energia, por exemplo.

Nenhuma outra jurisdição impõe limites de carbono ao agronegócio. Mas o perfil das emissões brasileiras é distinto do de outros mercados, com uma forte participação das atividades agropecuárias no volume de gases lançados na atmosfera. 

Encontrar o equilíbrio entre a pressão dos ambientalistas, que querem regular o carbono emitido pelo agro, e os produtores, uma grande força exportadora representada pela poderosa bancada ruralista no Congresso, é um dos pontos que podem selar o destino do PL. 

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) apresentou emendas ao texto sugerindo a criação de um terceiro tipo de ativo negociado, as remoções líquidas de gases de efeito estufa.

Nos mercados já operantes, e também no projeto em discussão, existem dois ativos: as “permissões para poluir”, concedidas pela autoridade reguladora, e as reduções obtidas pelas empresas que fizeram o dever de casa. 

Um participante do mercado que emite além das permissões concedidas pelo regulador pode “fechar a conta” comprando as sobras de outra empresa que foi além de suas metas.

A emenda sugerida por Marinho abre espaço para que o agronegócio, em vez de ser penalizado, se beneficie da legislação. O setor emite e sequestra carbono ao mesmo tempo. Dependendo da como for contado o saldo de carbono, os produtores poderiam se tornar vendedores no mercado regulado.

Ana Toni diz que “as metodologias que fazem a contagem de gases estão mais atrasadas no agro do que, por exemplo, no setor de energia” e que é preciso que tudo isso esteja bem estabelecido para que o sistema seja equilibrado.

Uma vez redefinido o orçamento de carbono do país, diz Toni, o grupo de trabalho sobre o Plano Clima, dentro do CIM, terá a atribuição de definir os cenários de emissões para setores da economia e também desenhar planos e acordos para se chegar lá.

Desse GT sairão 8 planos setoriais para mitigação da emissão de gases e 14 planos de adaptação à mudança climática.

Em mitigação, os planos serão dos setores de mudança do uso da terra, agricultura e pecuária; cidades, energia, indústria, mineração, resíduos e transportes. Em adaptação estão contemplados agricultura, pecuária, biodiversidade, cidades, gestão de risco e desastres, indústria, energia, povos e comunidades tradicionais, população negra e povos indígenas, recursos hídricos, saúde, segurança alimentar, oceano e zonas costeiras e transportes.

A ideia é que os planos sejam apresentados até, no máximo, janeiro de 2025. Na sua visão, com cinco anos a partir disso para começar a entregar reduções, o prazo não é apertado.

“Claro que perdemos tempo nos últimos quatro anos. Mas o Brasil não está saindo do zero na corrida para descarbonizar. Já tem planos como o PPCDAm e o PPCerrado, além de planos para o setor de energia que estão sendo implementados. Mas queremos saber se podemos ser mais ambiciosos e detalhistas, qual a curva de descarbonização e quão acentuada ela pode ser.”

A ideia, diz ela, é começar olhando para intervalos de orçamentos de emissão para cada setor, trabalhar nos planos setoriais e ver se a conta do orçamento geral fecha ou se podem ser mais ambiciosos.

Segundo Toni, esse processo de construção dos planos será bastante participativo. “Todos os planos irão para consulta pública. E os ministérios que estão a cargo dos planos setoriais farão uma construção junto ao setor privado, academia e organizações da sociedade civil. A inteligência coletiva é sempre melhor do que uma única.”

A próxima reunião do CIM está marcada para novembro, para que o governo chegue alinhado à cúpula do clima em Dubai, a COP28.

 

Fonte:  https://capitalreset.uol.com.br/agronegocio/agro-entra-no-mercado-de-carbono-diz-secretaria-de-mudanca-do-clima/?utm_campaign=19092023_-_ana_toni_-_mercado_regulado&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

A transição ecológica do Brasil depende da política macro

Não podemos ter expectativa de um boom de investimentos verdes no país sem o compromisso claro com o retorno ao grau de investimento

Por Winston Fritsch

 

O governo parece finalmente ter completado o desenho de sua política de transição ao baixo carbono, com o anúncio do chamado Plano de Transição Ecológica previsto para ser lançado já no segundo semestre de 2023. 

Esta política começou a ser desenhada desde o início da nova administração, com a implementação de um esquema de governança “transversal” da política climática, com secretarias focadas na transição nos ministérios-chave e um ataque intransigente ao desmatamento ilegal da Amazônia, responsável por cerca de metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, que nos dão a nada invejável posição de 5º maior poluidor do mundo.

Agora, o governo completa o trabalho ao encaminhar um substitutivo aos projetos de lei há muito em discussão no Congresso, propondo regras para a precificação eficiente das emissões de carbono – requisito fundamental de qualquer política de clima – e lança o chamado Plano de Transição Ecológica que, embora ainda seja apenas uma vasta lista de intenções, deve, segundo o ministro da Fazenda, produzir um conjunto de incentivos ao investimento de impacto climático e “ser a grande marca do terceiro mandato de Lula”.

O desenho de instrumentos para incentivar investimentos de impacto climático – centrados na eletrificação verde e sua infraestrutura – não exige muita criatividade. Existe consenso de que deva ser um tripé de instrumentos formado por precificação do carbono (como o sistema europeu), incentivos fiscais temporários focados em projetos e atividades de impacto (como o IRA americano, em nosso caso possivelmente mais centrado em incentivos ao investimento) e, por último, mas essencial, um ambiente onde o setor privado seja atraído para financiar esses investimentos. 

O principal problema está no desenho desse último objetivo: qual o tamanho da conta e de onde virá o dinheiro? 

Estimativas das necessidades de investimento na transição climática dos países em desenvolvimento e do papel central do investimento privado nesses fluxos variam, mas estão convergindo. Se usarmos um número recente e de grande autoridade, produzido pelo Grupo Independente de Especialistas criado pelo G20, veremos que, para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, os países em desenvolvimento (excetuando-se a China) teriam que elevar até 2030 seus investimentos de impacto climático – ou seja, fazer investimentos adicionais – em US$ 1.8 trilhão, na maior parte em infraestrutura. Isto representa nada menos do que quadruplicar o nível de investimentos existente em 2019. 

Deste total, estima-se que cerca de US$ 500 bilhões viriam das chamadas Instituições de Financiamento do Desenvolvimento, a rede de bancos multilaterais e nacionais de fomento que, naturalmente, teria que ser reformada para prover este volume. 

O restante dessa enorme despesa de capital, mais de US$ 1 trilhão, terá que vir de investidores privados. E a maior parte disso em financiamentos externos do conjunto de bancos e enormes gestoras de ativos globais que gira em torno do sol de Wall Street.  Como dizem por lá, no small thing.

Para responder a esse desafio, o Banco Mundial acaba de criar o que chamou de Private Sector Investment Lab – uma iniciativa a ser liderada por um grupo de 15 CEOs de grandes instituições financeiras privadas internacionais – visando criar soluções inovadoras para promover o investimento do setor privado em investimentos de impacto climático em países menos desenvolvidos. 

O Lab já está em ação e deverá se concentrar inicialmente em escalar o volume de transition finance voltado para energias renováveis e infraestrutura energética. Ou seja, as engrenagens começam a se mexer para endereçar o que até hoje tem sido a parte mais desafiadora da solução do problema do aquecimento global: trazer o setor financeiro privado dos países desenvolvidos para a mesa. 

Atrair investimentos privados não deveria ser difícil para economias que possuem recursos naturais que lhes permitam gerar oportunidades rentáveis de investimento em energia verde, como o Brasil. 

Entretanto, a percepção de risco do mercado internacional faz com que um projeto no Brasil, com taxa interna de retorno não alavancada equivalente ao de um projeto, digamos, europeu, se torne não competitivo na atração de investimento por ter um custo de financiamento internacional vários pontos de percentagem superior ao do projeto europeu.

Esta distorção existe por duas razões. A primeira, muito importante em projetos de eletrificação, existe porque a energia elétrica é, em geral, um bem produzido para o mercado interno e, portanto, existe risco cambial para o investidor estrangeiro. E os custos de cobertura de risco (hedge) cambial cobrados para financiamento de projetos em países emergentes pelos bancos internacionais são altos e cíclicos, fruto de uma miopia do mercado internacional de capitais empiricamente demonstrável, que amplifica desproporcionalmente o impacto de estresses financeiros correntes na avaliação do risco de longo prazo.

É por isso que os primeiros anúncios da criação do Lab do Banco Mundial foram provocados por esse tema e pela ideia de criação de um fundo segurador para minimizar este risco, sobre o qual escrevi em recente artigo no Valor Econômico.

Entretanto, no Brasil, o potencial de geração de energia limpa eficiente é muito superior à demanda doméstica projetada nas próximas décadas, o que permite que se pense realisticamente em liderarmos a transição à era do hidrogênio verde, transformando elétrons baratos em moléculas exportáveis sob múltiplas formas. Isto permitiria realizar estes grandes projetos sem risco cambial relevante, pois projetos deste tipo têm um hedge natural em suas receitas denominadas em dólares.

Mas, infelizmente, ainda permanecerá o obstáculo principal ao financiamento externo privado de projetos de infraestrutura no Brasil: o alto prêmio de risco de longo prazo do país, resultante das percepções de mercado sobre a instabilidade do arcabouço da política monetária e fiscal do país.

Especialmente no quadro atual de contração de liquidez global e de tensões geopolíticas, não podemos, realisticamente, ter a expectativa de um boom de investimentos verdes no Brasil se a política macroeconômica não tiver compromisso claro com a meta de perseguir o retorno ao grau de investimento.

A alternativa seria estimular os investimentos com recursos públicos, distribuindo subsídios desnecessários e comprometendo ainda mais o equilíbrio fiscal de longo prazo.

Em outras palavras, se a grande marca a ser deixada pelo terceiro mandato de Lula, como diz o ministro da Fazenda, será ter estimulado uma onda de investimentos na transição ao baixo carbono, a prioridade deste governo deverá ser a execução de uma política macroeconômica que acelere a queda do risco país, complementada pela criação de um ambiente regulatório de primeiro mundo.  

Winston Fritsch é PhD em Economia pela Universidade de Cambridge, foi Decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio e Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Tem longa atuação na gestão de instituições financeiras e é Conselheiro Emérito do CEBRI.

 

Fonte:  https://capitalreset.uol.com.br/financas/a-transicao-ecologica-do-brasil-depende-da-politica-macro/?utm_campaign=12092023_-_winston__incendio&utm_medium=email&utm_source=RD+Stationhttps://capitalreset.uol.com.br/financas/a-transicao-ecologica-do-brasil-depende-da-politica-macro/?utm_campaign=12092023_-_winston__incendio&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Governo apresenta proposta de mercado regulado de carbono

Projeto estabelece limites obrigatórios de emissões e um sistema de comercialização de permissões de emissão semelhante ao europeu

Por Sérgio Teixeira Jr.

 

O governo apresentou sua versão do projeto de lei que institui no país um mercado regulado de carbono para impor limites compulsórios de emissões de gases de efeito estufa para setores e empresas.

Depois de pelo menos cinco PLs e mais de três anos de idas e vindas, a expectativa é que a legislação seja finalmente aprovada, como um componente do chamado Plano de Transição Ecológica.

O projeto prevê a criação de um sistema conhecido como cap-and-trade, semelhante ao que vigora na União Europeia desde 2005. Os ativos de carbono são definidos como ativos mobiliários – sob o guarda-chuva da CVM – o que permite a criação de novos produtos financeiros.

 

Os direitos de populações indígenas e tradicionais, muitas vezes afetadas por projetos de geração de créditos de carbono do mercado voluntário, também estão contemplados no texto.

“Achei um texto muito bom do ponto de vista técnico. É a melhor versão das que já vimos até agora”, diz Caroline Dihl Prolo, advogada especializada em clima e colunista do Reset.

“São mais pontos positivos que negativos. E muito importante: não tentaram reinventar a roda. O texto se inspirou nas experiências de outras jurisdições.”

O funcionamento do mercado regulado

O ponto central do projeto, apresentado como substitutivo do PL-412 e relatado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), é o mecanismo do mercado regulado de carbono e sua governança.

Cada uma dessas autorizações de emissão, chamadas de Cotas Brasileiras de Emissões (CBE), equivale a uma tonelada de CO2 ou o equivalente em outros gases de efeito estufa.

Se a companhia emitir mais que as CBEs que tem em mãos, precisa ir ao mercado adquirir Certificados de Redução ou Remoções Verificadas de Emissões para fechar a conta.

A empresa que emitir menos do que tinha direito – ou seja, tiver uma sobra de CBEs – pode vender o excedente para outra que esteja com saldo negativo.

Os primeiros alvos dos mercados regulados usualmente são as indústrias mais poluentes, tais como siderurgia, cimento e petroquímica. Mas o PL ainda não definiu setores, algo que ficará para a fase de regulamentação da lei.

“Parece algo deixado de fora propositadamente, pois ainda haverá muito debate sobre isso”, diz Renata Amaral, sócia do escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe e especialista em meio ambiente.

Ela menciona o agronegócio. De um lado existe pressão para que as emissões do campo sejam limitadas; de outro, há uma resistência enorme tanto dos produtores quanto da bancada que representa esse interesse no Congresso, argumentando que o setor não é regulado em lugar nenhum do mundo.

Mas há uma referência no texto do PL a dois patamares numéricos de emissões (em milhares de toneladas de CO2 equivalente emitidas anualmente, ou tCOe).

 

O órgão regulador – batizado de Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, ou SBCE – fica responsável por determinar os setores da economia sujeitos a tetos de emissões e por conceder (ou vender em leilões) permissões de emissão às empresas.

Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/carbono/governo-apresenta-proposta-de-mercado-regulado-de-carbono/?utm_campaign=23082023_-_mercado_carbono__mombak&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Pesquisa da Bloomberg revela demanda crescente por dados ESG, mas os desafios de gerenciamento de dados persistem

Mais de 9 em cada 10 executivos planejam aumentar os gastos com dados ESG

Por Notícias ESG 

 

A procura de dados ESG está a aumentar, de acordo com um novo inquérito da Bloomberg e da Adox Research a mais de 100 gestores de carteiras, executivos de risco climático e executivos de gestão de dados. A pesquisa revela as prioridades das empresas em termos de gastos com dados ESG, bem como abordagens para aquisição e gestão de dados ESG.

Quase todos os executivos (92%) planeiam aumentar os seus gastos ESG em pelo menos 10%, com 18% a planear aumentar os seus gastos em 50% ou mais. As três principais áreas nas quais as empresas estão priorizando esses gastos são benchmarks e índices ESG (29%), dados relatados pelas empresas (23%), pontuações ESG (20%) e dívida sustentável (19%). Quando questionados sobre quais critérios eram mais importantes para selecionar um fornecedor de dados ASG, a qualidade dos dados ficou em primeiro lugar, seguida pela amplitude da cobertura.

A pesquisa destaca um forte contraste entre as empresas na percepção das suas capacidades ESG. Embora a maioria dos entrevistados (64%) se considere à frente da concorrência, quase 30% reconhecem sentir-se um pouco ou significativamente atrasados. No entanto, os entrevistados são quase unânimes em uma questão: 99% dos executivos concordam que suas organizações valorizam os dados ESG, citando sua importância para acompanhar o ritmo de seus pares (45%), alcançar uma vantagem competitiva (44%) e para conformidade regulatória (10). %).

 

“Uma vez categorizados como uma fonte de dados alternativa, os dados ESG rapidamente se tornaram parte integrante do valor que as empresas financeiras entregam aos seus clientes. Os executivos estão fazendo investimentos estratégicos significativos na aquisição e gestão de dados ESG para se diferenciarem e atenderem à demanda regulatória e dos clientes”,

disse Leila Sadiq, chefe global de conteúdo de dados empresariais da Bloomberg.

“Para ajudar nossos clientes a obter insights significativos de seus dados com mais rapidez, continuaremos investindo e fornecendo dados e análises ESG abrangentes e de alta qualidade que se integram de forma eficiente aos dados fundamentais existentes, proporcionando aos clientes uma visão holística de suas operações.”

Embora as empresas procurem obter mais dados ASG, também se debatem sobre a melhor forma de os gerir. Mais de 70% das empresas relatam adotar uma abordagem ad hoc ou descentralizada para adquirir e gerir os seus dados ESG. Apenas cerca de um terço dos entrevistados (29%) adota uma abordagem holística em toda a empresa para avaliar, implementar e racionalizar os seus dados ESG.
 
Dada esta fragmentação, os aspectos mais desafiadores da gestão de dados ESG são lidar com novos conteúdos de dados ESG e em constante evolução (55%), gerenciar vários feeds de dados de fornecedores ESG (50%) e alinhar o conteúdo ESG aos dados de entidades existentes (48%). Quando se trata de opções técnicas de entrega de dados ESG, a nuvem é a preferência clara para 85% dos entrevistados, seguida por Rest API (7%), SFTP/Parquet (6%) e SFTP/Solicitação/Resposta (3%).

“Como confirma esta pesquisa, nossos clientes estão enfrentando o desafio de integrar grandes volumes de dados ESG de múltiplas fontes e a falta de consistência entre fornecedores pode levar a problemas de qualidade de dados e interrupções operacionais”,

disse Don Huff, chefe global de serviços e operações ao cliente da Bloomberg Data Management Services.

“O Data License Plus ESG Manager agiliza a aquisição, o gerenciamento e a distribuição de dados no ambiente de escolha do cliente, ajudando-os a otimizar sua cadeia de fornecimento de dados e terceirizar o gerenciamento de mudanças de fornecedores para que possam se concentrar na tomada de decisões eficientes de investimento em ESG.”

Gert Raeves, Diretor de Pesquisa e Fundador da Adox Research disse:

“Embora as empresas planeiem que os dados ESG se tornem parte dos principais fluxos de trabalho de dados e investigação, elas percebem que a era dos dados ESG que se comportam da mesma forma que outros conjuntos de dados financeiros ainda não chegou. Enquanto isso, eles estão priorizando a escalabilidade técnica e a transparência dos dados para garantir que analistas, investidores e reguladores tenham as ferramentas certas para selecionar, selecionar e enriquecer os conjuntos de dados existentes com os principais atributos ESG.”

 

Fonte:  https://capitalreset.uol.com.br/transicao-energetica/hidrogenio/brasil-lidera-competitividade-de-hidrogenio-diz-estudo/?utm_campaign=10082023_-_h2__vale__cupula&utm_medium=email&utm_source=RD+Station_consumo_deloitte&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Quanto custa reduzir as emissões de CO2? A Sinai responde

Fundada por uma brasileira, a startup californiana cresce com seu ‘software de gestão de carbono’ 

Por Illana Cardial

 

Diminuir a pegada de carbono é uma preocupação cada vez mais presente no mundo corporativo. A primeira pergunta que vem à mente dos executivos é como fazê-lo. A segunda, diz Maria Fujihara, é “quanto custa”?

A brasileira Fujihara é cofundadora e CEO da Sinai Technologies, uma startup com sede em San Francisco, na Califórnia, que produz um software que une a contabilidade de gases de efeito estufa de um negócio e os diferentes cenários para realizar os cortes de emissões.

Em seis anos de vida, a empresa já recebeu US$ 40 milhões em capital de risco e conquistou clientes em 60 países, incluindo no Brasil. Embora a lista seja formada por companhias de vários setores, Fujihara diz que o foco são aqueles de mais difícil descarbonização.

 

“Damos muito suporte para as indústrias hard-to-abate, que têm seus escopos 1 e 2 maiores”, diz ela, em relação às emissões da atividade direta da empresa e as que estão associadas à energia adquirida.

“O escopo 3 [da cadeia de valor] é uma ilusão, é sempre o escopo 1 e 2 de alguém.” Setores como metais, petróleo e gás, transporte e agricultura – todos fornecedores de insumos – são a prioridade da startup.

Eis um exemplo prático. Uma parte significativa das emissões indiretas de uma montadora é o CO2 gerado na fabricação do aço que ela compra de uma siderúrgica –  e um dos clientes da Sinai é justamente a gigante ArcelorMittal.

 

Fonte:  https://capitalreset.uol.com.br/transicao-energetica/hidrogenio/brasil-lidera-competitividade-de-hidrogenio-diz-estudo/?utm_campaign=10082023_-_h2__vale__cupula&utm_medium=email&utm_source=RD+Station_consumo_deloitte&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Empresas brasileiras estão atrasadas em metas de descarbonização, diz CDP

Nova plataforma da entidade que acompanha reduções de emissões corporativas mostra que ainda há muito a fazer para limitar o aquecimento global a 1,5°C

Por Illana Cardial

 

O CDP lançou uma plataforma que vai registrar os avanços climáticos de empresas ao longo dos anos e permitir a visualização se elas estão ou não cumprindo as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa com as quais se comprometeram. 

No Brasil, 681 empresas integram o Corporate Environmental Action Tracker, das quais 23% estão no caminho certo para atingir seus compromissos. Outras 25% estão progredindo, ainda que atrasadas. 

 

O objetivo da plataforma é tornar acessível informações agregadas sobre a performance das empresas em suas trajetórias de descarbonização. Os dados são anônimos, e a análise é apresentada de maneira consolidada.

O cenário brasileiro acompanha o mundial. Só 24% das empresas ao redor do globo, responsável por 5% das emissões, estão no caminho para atingir as metas com as quais se comprometeram. 

A base completa tem quase 10 mil empresas, incluindo 90 que integram o FTSE 100, principal índice da bolsa de Londres, e 400 do S&P 500, de Nova York. 

“A gente fala muito de meta, e meta é bacana, mas tão importante quanto é entender quais são as ferramentas, a estrutura do plano de transição para ajudá-la nessa jornada”, diz a diretora-executiva do CDP na América Latina, Rebeca Lima. “O nosso foco está na trajetória”.  

De cada dez empresas no mundo que informam seus dados – voluntariamente – ao CDP (antigamente chamado Carbon Disclosure Project), oito têm algum plano de transição climática e seis apresentam metas. 

“Nas empresas consideradas, apenas um terço tem metas direcionadas para o escopo 3 [de emissões indiretas]. O engajamento da cadeia de valor continua sendo um grande desafio”, afirma Lima. 

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Brasil lidera competitividade de hidrogênio, diz estudo

País reúne algumas das melhores condições para exportar novo combustível para a Europa, segundo instituto alemão

Por Sérgio Teixeira Jr.

 

O Brasil tem as condições ideais para ser um dos fornecedores mais competitivos de hidrogênio verde e seus derivados para o mercado europeu, segundo um levantamento recém-divulgado.

As estimativas foram feitas a pedido da H2Global, uma iniciativa alemã cujo objetivo é desenvolver o mercado global desse novo vetor energético. O país tem planos ambiciosos de uso e importação de hidrogênio.

Foram examinadas 39 regiões de 12 países com grande potencial de produzir energias renováveis, o insumo mais importante da cadeia do hidrogênio.

Os pesquisadores também levaram em conta pontos como infraestrutura local para armazenamento e a logística para que a produção seja transportada para a Europa.

No Brasil, na Austrália e na Colômbia, o custo de produção de 1 kg de hidrogênio verde ficaria entre € 3,21 e € 3,60, valores “equivalentes ou abaixo dos custos atuais usando combustíveis fósseis, considerando os altos preços do gás natural”, afirma o estudo.

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Governo anuncia R$ 5 bi para descarbonização da energia elétrica da Amazônia

Até 2030, meta é reduzir diesel na região em 70% e evitar emissão de 1,5 milhão de tCO2

Por Ilana Cardial

 

O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou hoje que vai investir R$ 5 bilhões para impulsionar a transição energética na Amazônia Legal. O programa “Energias da Amazônia” foi lançado em Parintis, no Amazonas, pelo ministro Alexandre Silveira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 

A região Norte vive uma contradição quando se fala de energia. Com as hidrelétricas, a Amazônia Legal exporta energia renovável para o restante do país e, mesmo assim, ainda depende do consumo de diesel para o abastecimento próprio. Nos nove Estados que a compõem, a estimativa é que 3,1 milhões de pessoas dependam de sistemas isolados – abastecidos por termelétricas de pequeno porte – e outro 1 milhão não tenham acesso a energia constante. 

Ao todo, são 211 sistemas isolados com geradores movidos por combustíveis fósseis. A estimativa é que só neste ano o custo do diesel chegue a R$ 12 bilhões, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

O novo programa ainda carece de detalhes, mas passa pela substituição das usinas termelétricas. A intenção anunciada é reduzir o consumo de diesel da região Norte em 70% até 2030, o que deve provocar uma economia de R$ 500 mil por ano com o combustível, segundo Silveira.

Quanto à pegada climática, pelo uso de alternativas mais sustentáveis, como biocombustíveis ou energia solar, a expectativa é evitar o lançamento de 1,5 milhão de toneladas de CO2 no período. 

Fonte:  https://capitalreset.uol.com.br/amazonia/governo-anuncia-r-5-bi-para-descarbonizacao-da-energia-eletrica-da-amazonia/?utm_campaign=05082023_-_eletrifica_amazonia__semana&utm_medium=email&utm_source=RD+Station-_consumo_deloitte&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Professor Eduardo Uchoa apresenta importantes e supreendentes descobertas históricas sobre as origens da programação linear.

A história quase desconhecida do uso mais antigo da técnica de Geração de Colunas. Prepare-se para grandes surpresas!

Apresentação do professor Eduardo Uchoa, do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da UFF, em parceria com Ruslan Sadykov da França, traz importantes e surpreendentes descobertas históricas sobre as origens da programação linear, em particular, da técnica de geração de colunas.

A apresentação é certamente de interesse para todos na área de Pesquisa Operacional, mas também pode ser do interesse de quem gosta de história da ciência e de história da União Soviética. Confira no vídeo abaixo.